domingo, 30 de março de 2008

Fichamento do texto nº 2:

PAXTON, Robert; ”Introdução” In___ “A anatomia do Fascismo”

Segundo o autor o fascismo foi à invenção política do século XX, realmente impensável para os seus antepassados que uma ditadura antiesquerdista, como ele foi, conquista-se apoio popular, o questionamento das razões desse apoio popular será desenvolvido ao longo deste texto e também do

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.).

Paxton argumenta que os fascismos faziam uma mistura de nacionalismo, anticapitalismo, voluntarismo, apelava para as emoções e violência ativa contra seus inimigos, além disso, muitos empresários liberais forneceram apoio ao fascismo com medo da esquerda, e os conservadores também o fizeram. Algumas dessas características tornaram-se mutáveis(principalmente por que os regimes fascistas chegaram ao poder fazendo alianças com conservadores e liberais e por isso tiveram que renegar partes dos seus programas iniciais), vide o anticapitalismo fundamentado na critica ao individualismo e internacionalismo burguês (como diria Marx: “(...) Para desespero dos reacionários, ela retirou à indústria sua base nacional”.( 1848 ,pg.3)),forte `principio ,esta critica ao chegar ao poder nada realizou,pelo contrario os fascistas investiram e fizeram lucrar as industrias bélicas e de infra estrutura.

O fascismo atraiu pela mistura entre privado e público que a sua teoria propunha, por exemplo, a cidadania era praticada através das suas cerimônias de massa, assim o individuo se inseria a tal ponto na comunidade, que somente o bem estar da ultima interessava.

Por isso os fascistas não tinham um programa, para eles a vontade do Líder bastava, pois ele quem ajudaria a raça (que se unia misticamente ao líder) a realizar seu destino além de representar e agir em nome do bem estar da comunidade. Talvez essa seja uma das partes mais romantizadas do fascismo, mas também era um ponto fraco, pois o líder tinha que contar com o zelo incondicional dos fies, além de criar uma situação desconfortável com os intelectuais (o relacionamento entre movimento e intelectuais foi mais uma das características mutáveis do fascismo, posto que no inicie foram os intelectuais que tornaram possível pensar o fascismo como uma resposta as insatisfações e depois da tomada do poder essa relação se torna tensa).

Junto à retórica anticapitalista, a defesa de uma vida campestre atraiu muita daqueles que foram prejudicados com a industrialização. Essa defesa do rural junto ao investimento em tecnologia não era antagônica, pois os fascistas sentiam isso: “(...) condições de vida da sociedade moderna sem as lutas e os perigos que dela decorrem fatalmente. Querem a sociedade atual, mas eliminando os elementos que a revolucionam e a dissolvem. (...)”. (MARX, 1848,pg.24).Ou seja,eles queriam construir um tipo novo de modernidade onde os conflitos já estivessem sido resolvidos por eles.Porém esta é uma característica que muda durante a guerra,e fica reduzida a uma nostalgia e a poucas legislações especificas que visam manter pobres camponeses na terra sem prejudicar os grandes latifundiários.Essa pregação ao passado feudal Marx já tinha avisado quase um século antes que ficaria só na utopia :

(...) sua impotência absoluta de compreender a marcha da história moderna terminou sempre por um efeito cômico”. (MARX, 1848, pg.19)“(...) Demonstraram (...) a decadência inevitável dos pequenos burgueses e camponeses, (...) a dissolução dos velhos costumes, das velhas relações de família, das velhas nacionalidades (...) restabelecer os antigos meios de produção e de troca e, com eles, as antigas relações de propriedade e a sociedade antiga, ou então fazer entrar à força os meios modernos de produção e de troca no quadro estreito das antigas relações de propriedade que foram destruídas e necessariamente despedaçadas por eles”. (MARX, 1848, pg. 21)

É difícil para o pensamento neoliberal imaginar isso, mas as pessoas ficavam psicologicamente felizes em poder fazer parte de “uma empreitada geral pela raça da qual se fazia parte”, um sacrifício pelo coletivo (tão estranho a ideologia dominante atual) além das promessas de uma vida melhor que os fascistas faziam. O êxtase era tanto que o incomodo que algumas medidas e pratica fascistas, como a Noite dois vidros quebrados (o ultimo massacre e o inicio do Holocausto), causavam era temporária, e nenhuma autoridade civil, política, religiosa ou judicial tentou impedir Hitler, a partir daí os militantes fascistas sentiram uma liberdade da qual muito se utilizaram.

Em um segundo momento o autor desconstrói algumas das imagens do fascismo, a primeira é a imagem do demagogo-ditador (ou uma visão que só aborda os momentos mais importantes da historia do fascismo, retirando seu lado cotidiano e a apoio recebido durante esse cotidiano); esta alivia aqueles que apoiaram os regimes fascistas. Outra imagem freqüentemente usada é a das multidões em êxtase, facilmente manipuláveis, ajuda a formular a tese de que os povos europeus são predispostos naturalmente a aceitar o fascismo, aliviando outros países. Ainda tem a da definição desde o começo do fascismo como regime de extrema direita, o que não é verdade, posto que logo após a chegada de Mussolini ao poder, muitos não sabiam em que lado (esquerda ou direita) sua doutrina iria se encaixar,para ele essa divisão era velhaca e dividia a nação.

Finalmente o autor divide o fascismo em cinco fases, não necessariamente imanentes ao fascismo nem lineares, estas são: a criação dos movimentos, o enraizamento nos sistema político, a tomada de poder, o exercício do poder e a opção pela radicalização, nada exige que venha a passar por todos, nem que se mova numa direção, pré-requisito para o seguinte isso permite uma comparação entre movimentos e regimes diferentes, sucessão de processo e escolhas.

BIBLIOGRAFIA:

MARX, Karl; “Manifesto do partido comunista”.

FALCON, Francisco J. C.; ”O capitalismo unifica o mundo” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.) Século XX Volume I: O Tempo das Certezas.

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49)

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.)

Século XX Volume II: O Tempo das Crises.

Fichamento do texto nº 2:

FALCON, Francisco J. C.; ”O capitalismo unifica o mundo” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.) Século XX Volume I: O Tempo das Certezas.

O autor parte do conceito de capitalismo, como histórico, e diferenciar as conjunturas existentes do século XV ao XIX, e do XIX em diante.

Nos séculos os XI e XII, houve uma revolução econômica que estimulou a produção, as trocas de mercadorias e o renascimento urbano. Alguns séculos depois o mercado internacional (existia pouca articulação entre os diferentes mercados, devido à variedade de pesos e medidas, excesso de postos de cobrança) se desenvolvia a partir da expansão especial causada pela expansão marítima, em suma podemos dizer que:

“A descoberta da América, as circunavegações da África (...). Os mercados da Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram um impulso, ( ...), ao comércio, à indústria, à navegação, e,(...). A grande indústria criou o mercado mundial preparado pela descoberta da América..( MARX, 1848 ,pg.3).

Ou seja, a expansão marítima também foi comercial na medida em que as trocas comerciais entre colônias e colonizadores, e entre os próprios colonizadores (por exemplo, a secularização de bens eclesiásticos depois da Reforma Protestante) deram estimulo a produção, à mudança de preços e do consumo europeus, enriquecendo estes. A produção era agrícola ou bens de consumo (roupas, sapatos e etc) mesmo na Europa, e a maioria das crises surgia devido a uma má safra. A expansão marítima também propiciou uma revolução intelectual, ao desatualizar os paradigmas bíblicos ou da tradição greco-romana, abrindo caminho para novas formas de pensar, principalmente com base na matemática (devido às necessidades dos viajantes), e também ajudar na expansão do papel da imprensa como difusora de informações e na expansão do cientificismo pelo estudo de outras culturas. A colonização era marcada pela violência,pela conquista missionária e econômica do outro.

Nessa época, por volta dos séculos XVI ao XVIII, surgiram as primeiras “bolsas de valores”, as primeiras lojas (com comerciantes atacadistas), os melhoramentos nos transportes terrestres, muda-se o padrão de arquitetura e vestuário das classes abastadas (que passam a demonstrar luxo), e a ligação comerciantes-banqueiros e príncipes (ou entre três países diferentes, ou o comércio direto) fica cada vez mais forte, que facilitava o fornecimento de prata e ouro para ambos. Devido a essas características essa época é mais bem classificada como pré - capitalista.

Onde ainda existia Estado absolutista moderno que representava a manutenção da hegemonia aristocrática, mas sua dinâmica econômica desenvolvia os setores mercantis e manufatureiros, e a burguesia que atuam com a proteção do Estado. As dificuldades de manter estes dois interesses divergentes levaram o Estado Absolutista à crise e a segunda fase do capitalismo. Mais tarde ma Marx explicaria melhor a parte econômica desse processo: “O regime feudal de propriedade, deixaram de corresponder às forças produtivas em pleno desenvolvimento. Entravavam a produção em lugar de impulsioná-la. Transformaram-se em outras tantas cadeias que era preciso despedaçar; foram despedaçadas”. (MARX, 1848).

Em conseqüência da crise do regime político e economia, ocorreram duas revolução uma política chamada de Revolução Liberal cujo ápice é a Revolução Francesa, e uma econômica a Revolução Industrial na segunda etapa, a propriamente capitalista a partir do século XVIII.

Nessa época a hegemonia é britânica. A produção capitalista se expandiu se tornou essencialmente industrial, o trabalho se tornaram assalariado e cronometrado, ao longo do tempo as corporações desaparecem e as fabricas se multiplicam, os transportes sofrem grande melhoria, o que ajudou a “unir” o mundo. Marx cita mais algumas dessas mudanças:

A burguesia, durante seu domínio de classe,..., criou forças produtivas mais numerosas e mais colossais que todas as gerações passadas em conjunto. A subjugação das forças da natureza, as máquinas, a aplicação da química A Indústria e à agricultura, a navegação a vapor, as estradas de ferro, o telégrafo elétrico, a exploração de continentes inteiros, a canalização dos rios, populações inteiras brotando na terra como por encanto (...) “. (MARX, 1848).

Essas mudanças não foram causadas do nada,mais pelo aumento das necessidades ,como diz Marx :

“Dos servos da Idade Média nasceram os burgueses livres das primeiras cidades; desta população municipal, saíram os primeiros elementos da burguesia (...). A antiga organização feudal da indústria, em que esta era circunscrita a corporações fechadas, não podia satisfazer às necessidades que cresciam com a abertura de novos mercados. A manufatura a substituiu. Todavia, os mercados ampliavam-se cada vez mais: a procura de mercadorias aumentava sempre. A própria manufatura tomou-se insuficiente; então, o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. A grande indústria moderna suplantou a manufatura...”. (MARX, 1848, pg.3.

No campo político a primeira metade do século XIX, foi marcada pela defesa da liberdade “de comércio, a liberdade de comprar e vender”. (MARX, 1848), pela burguesia contra a aristocracia, a igualdade era ligada ao jacobinismo. Só depois da intensificação da industrialização, em conseqüência da proletarização maior a luta pela igualdade (de voto) ganhou espaço.

Surgiu também uma nova relação entre “colônias” e “colonizadores” pois havia novos objetivos, métodos e motivações surgidos basicamente em conseqüência dos efeitos da depressão de 1873-96, e do surgimento de novas potências imperialistas como Alemanha, Japão, Itália, Estados Unidos.Mas haviam pontos em comum como o uso da violência,e a mistura para os colonizadores de aventura, espírito cientifico, fé missionária conquista militar e sede de lucro(que vem da industrialização, das obras de infra – estrutura, da modernização dependente, das grandes plantações para exportação, da exploração de jazidas,cujos custos são dos países colonizados).Por exemplo,os “colonizadores” aprimoram suas técnicas de exploração se aproveitando dos conflitos étnicos(vide o exemplo da Índia), criando a guerrilha (um tipo diferente de guerra, onde as unidades de batalha são menores e mais móveis, onde a tortura e o ataque ao abastecimento inimigo são fundamentais testada na Argélia,usada na África),praticando a intervenção militar e política “temporária” que em muitos países como Argélia e Índia se tornaram definitivas(Um dos pretextos utilizados para intervir era ajudar os missionários em conflitos com elites, militares e comerciantes), além da exploração econômica e do protesto pela abertura da economia de países como China e Japão apesar de na teoria apregoarem o anticolonialismo liberal, preocupado com o fim da escravidão e das praticas mercantilistas.

Outro movimento político importante foi os nacionalismos de 1848, cujos objetivos eram complicados pois implicavam em resgatar ou criar culturas próprias.Portanto esses movimentos foram derrotados,ao mesmo tempo em que o liberalismo se consolida e a burguesia abandona o ideal ameaçador de revolução ,e estabelece alianças que garantam o liberalismo econômico e os diretos e liberdades dos poucos que eram considerados cidadãos.

No final do século XIX, esse nacionalismo ganhará um contorno expansionista e xenófobo, influencia da disputa das nações por novas “colônias” e pelo cientificismo que criou o darwinismo social, uma teoria racista que justifica o imperialismo. Anos mais tarde essas teorias junto com o impulsionamento nostálgico de conservar a tradição,originará o fascismo,que segundo Paxton foi a invenção política do século XX,diferente de todas as teorias anteriormente criadas,por ser uma nova resposta as crises.

BIBLIOGRAFIA:

MARX, Karl; “Manifesto do partido comunista”.

PAXTON, Robert; ”Introdução” In___ Idem “A anatomia do Fascismo”.

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49)

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.)

Século XX Volume II: O Tempo das Crises.

terça-feira, 25 de março de 2008

ichamento do texto nº 1:
SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.)
Século XX Volume II: O Tempo das Crises.

O autor caracteriza o fascismo como um conjunto de movimentos nacionalistas de extrema direita de estrutura hierárquica e autoritária e de ideologia antiliberal, antidemocrática e antisocialista (antiuniversalista e anti - iluminista, antiogmatico, antidemagrafico, inovador.) cuja primeira realização cronológica foi na Itália.
Além disso, ele alerta que não devemos tratar o fascismo como um simples objeto de história, ou fato preso ao passado sem inserção na política contemporânea, pois ele ressurge a partir da década de 80, como movimento de reação das massas apoiado ou não pela direita parlamentar, ligado a publicação de documentos sobre os fascismos anteriores devido à reunificação alemã (e a onda de nacionalismo xenófobo daí advinda), e ao fim da Guerra Fria, isso ocorreu em países como França, Alemanha, Itália e etc.
Uma das causas que o autor cita para este tratamento do fascismo como acidente, foi à ação dos EUA no contexto de Guerra Fria, que para evitar que as elites políticas já fragilizadas pela guerra tivessem seu poder mais abalado pela culpabilização o que possibilitaria a influência soviética. Na Alemanha, por exemplo, em 1946 os Estados Unidos atenuavam a legislação sobre a desnazificação, o que a deixou incompleta (é possível fazer uma ponte entre o fascismo e o neofascismo através dessa desnazificação incompleta.
O autor propõe tratar o fascismo em termos mais fenomenológicos, usando um método comparativo entre os diversos movimentos fascistas, tenham eles chegado ao poder ou não, observando o seu caráter autônomo, universal e ao mesmo tempo suas especificidades. Esta característica do fascismo vem da sua coerência interna dada pala fala e ação voltada para exaltação de características próprias (originais, autônomas), nacionais e históricas de cada movimento, para justificar suas idéias; o que não destrói a universalidade do fenômeno, pois tem características comuns.
E a coerência externa é dada pela identidade e colaborações praticadas entre o regime, essas coerências são tão fortes que propiciam uma ligação intensa entre a linguagem e a ação. O autor argumenta que a oscilação do fascismo não é falta de coerência e sim uma procura pela aceitabilidade perante as massas.
É importante ressaltar que para estudar o fascismo, devemos questionar o que levou à adesão de varias pessoas a sua doutrina, o autor responderá esta pergunta, citando características do fascismo que ultrapassavam a política, por exemplo, o fascismo era impregnado de uma idéia de revolução como destruição, como um modo de vida, capaz de liberar os ódios existentes.
Suas soluções anti- modernas eram extremamente atrativa, pois a modernidade é contraditória e sua contradição permeava as pessoas, estas entravam em conflitos, pois tinham suas tradições despedaçadas, mas ao mesmo tempo surgiam muitas possibilidades de experiências. Então o fascismo se propunha o culto à tecnologia criada pela modernidade, mas também aos valores moralistas tradicionais, pela preservação desses na comunidade popular é necessário acabar com aqueles que não se encaixam nesses valores homegeineizantes (os estrangeiros, ou seja, aquilo que não se encaixa no nacional é antinacional), diante dos quais as diferenças têm que desaparecer.
As minorias que impediram a coesão nacional, enfraquecendo o Estado, não há, portanto espaço para esse outro e a violência é a reposta fascista. É importante ressaltar que antes do fascismo, havia sentimento de negação do outro, mas o fascismo exarcebou este.
Assim canaliza-se o ódio em direção a outro que é diferente (esta concepção de mundo é que permite o Holocausto), que não tem cultivam os valores da exaltação da dor, do autoritarismo, do sadomasoquismo, da virilidade, do companheirismo, da beleza masculina se erotismo e da vida comum distante das mulheres (aqueles que não estão no seu circulo de “arianos”, os grupos minoritários) como fazem os fascistas, através de rituais cívicos os fascistas constroem sua identidade (perdida em meio às contradições da modernidade, por meio do restabelecimento de corpos sociais pela corporação fascista). Logo o fascismo uniu a estranheza psicológica em relação ao outro e as condições sociais de insatisfação de sua época (o que acontece novamente hoje em dia) oferecendo conforto e segurança ante as contradições modernas.
O fascismo sofreu influencia da experiência das trincheiras, causada pela 1ª Guerra, que gerou o sentimento de pertencer ao corpo com fins maiores, daí surgem além das personalidades autoritárias, idéias positivas de força, lealdade, honra, temperança, autocontrole e desprendimento da vida, hierarquia (que garantiria a unidade entre Estado e povo), estas permitem “absorção” (como valor a ser alcançado) do individuo pela coletividade.
É atraente também pela sua visão de mundo coerente, onde o líder propunha se a interpretar os anseios das massas, darem sentido e unidade a federação frouxa que era o Estado fascista (este líder ao carregar toda estas responsabilidades se via fraco perante pressões de diversos grupos e ofuscado pelo seu pessoal político que tinha poder pelo fato das diretrizes serem dadas sempre oralmente, recomendação do próprio líder), este era visto como imune as contradições o que garantia segurança das pessoas e a coesão nacional, por isso as pessoas transferiam sua identidade e liberdade pessoal para o coletivo ou para o líder.
Esta transferência era favorecida pela proposta de Estado corporativista, resgatando a descrição de corporação dos autores românticos do século XIX, cuja participação era restrita aos arianos, e aonde reinava a harmonia. Na corporação reuniam-se os dois pólos da produção, mas ao contrario do que pregava não punha em relação direta o trabalhador e o patrão, mas sim patrão e partido, pois controlava os salários e as condições de trabalho.
Esta proposta de estado corporativista tomou formas diferentes no diversos regimes fascistas na Noruega, por exemplo, a hegemonia da burguesia sobre a corporação é clara, mas no caso alemão e italiano há uma tentativa de se apoderar um pouco da tradição marxista, na propaganda, na retórica e na criação de formas alternativas de organizações moralizadoras dos operários, isto para conter a ação dos partidos de esquerda.
A corporação havia sido destruída pelo liberalismo, um sistema falido, desagregador (das tradições, por tanto a esperança era acabar com o liberalismo) e com o conteúdo ideológico esvaziado segundo eles, por isso o fascismo é uma resposta também a crise liberal, o que o marxismo também era, mas só que este era criticado pelos fascistas pelo seu caráter antinacional. Além disso, os fascistas negam a herança da Revolução Francesa, porque esta r transforma judeus em cidadãos, e põem em pratica o principio da representação e o partidarismo que dividia o povo em defesa de interesses individuais (por isso pregavam o partido único e a unidade entre partido e Estado).
Criticam também a limitação do poder pelo liberalismo, por isso absorvem o judiciário pelo complexo movimento/partido, maximizaram o executivo na figura do líder, que serviria aos interesses da comunidade, esta parte da doutrina fascista era um grande passo para a construção da comunidade popular.
O Estado fascista concede certa autonomia a sua burocracia, o que gera a junção de objetivos dispares em torno da mesma doutrina e do mesmo líder. Além disso, o estado fascista desconhece limitações na busca incessante da sua superação como potencia, para garantir a existência da comunidade, portanto não distingue o público do privado, nem se retém em administrar a economia que se juntando ao fordismo garantiria o abastecimento do mercado interno e serviria ao povo. Os próprios fascistas a partir daí se caracterizavam como regimes de produtores. O homem fascista, representante da raça, seria o vinculo dessa potencia.
Enfim o fascismo ao incorporar o homem ao Estado corporativo resolve o problema da estranheza e distancia entre os dois, que gerava sentimentos de revolta, inutilidade etc. Ao pregar um novo tipo de sociedade, atraía os decepcionados com o liberalismo (que sofria desgaste político e econômico), ao buscar na raça a cola para unir a comunidade popular, exarcebou a identificação dos arianos em oposição ao outro minoritário.


Bibliografia:

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”.(páginas: 24 a 49)
Fichamento do texto nº 1:
BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”.
(páginas: 24 a 49)

O autor começa definindo a modernidade como um conjunto de experiências contraditórias, que fazem surgir pensamentos nostálgicos em relação ao mundo pré- moderno (podemos citar, por exemplo, os fascismos, que exaltava à comunidade, às antigas tradições da Germânia, existentes antes da invasão de Roma). Isso por que a modernidade expande as possibilidades de experiência, mas corrompe valores, pois cria ao longo do tempo seus próprios valores.
A modernização será uma categoria usada para nomear os processos sociais que ocorrem dentro dessa contraditória modernidade. Além disso, as categorias modernismo e modernização vêm da contradição que existia em torno de 1790, pois as pessoas viviam num mundo revolucionário, mas que também não era completamente moderno.
O autor cita Marx e seu argumento de que a vida moderna é contraditória em sua base, pois ao mesmo tempo em que traz evolução (industrial, artística e etc.) ela traz retrocesso (aumento da exploração do homem pelo homem, perda de caráter)
Surgem varias soluções para se livrar dos conflitos da modernidade e autor cita entre elas: 1. ”Livrar-se das artes modernas para livrar-se dos conflitos modernos”, 2.Juntar progresso industrial e retrocesso neofeudal e neo-absolutista em política (cito os fascistas,que em sua ideologia exaltavam ao mesmo tempo a vida no campo e em comunidade e o progresso industrial). Para Nietzsche surgiu como soluções o suicídio, e o uso da historia como um guarda fantasias.
Todos os autores modernistas do século XIX vão ter suas idéias atingidas pelas contradições da modernidade, a qual eles questionavam, põem sua confiança no homem de amanhã (que pode ser o proletário, o anticristão e etc.).
Já no século XX os autores fazem polarizações rígidas, entre os que exaltam a modernidade estão os futuristas no extremo, autores como Bauhaus, Marshall McLuhan, os cientistas sociais norte americanos do pós 2ª Guerra. Para eles o homem era insignificante perante a máquina.
No espaço de negação temos Max Weber (para ele a sociedade sempre molda o homem), Ortega, Foucault (que oferece conforto a geração da década de 60 que convivia com a passividade e a desesperança da década de 70) e a Nova Esquerda. Todas as duas perspectivas anulam o homem como ser capazes de pensar e agir, seja pela sua pequenez perante a máquina ou perante a sociedade.
O autor coloca que durante os anos 60 os pensamentos sobre modernidade deram atenção a temática do modernismo(que o autor define movimentos culturais, artísticos e etc; que deixa suas interrogações a serem respondidas), a partir daí surgiram três tendências modernistas, com divisões mais simples que as do século XIX. Uma se esforça para libertar o artista das vulgaridades modernas, esvaziando a relação entre arte e vida, mas esta arte fica sem lugar e sem objeto certo.
Outra sonha com um modelo de sociedade moderna sem conflitos, é alimentado pelo tratamento popular dirigido ao modernismo como sinônimo de rebeldia. Ainda existe a corrente que pretende eliminar as fronteiras entre os diversos tipos de arte e entre a arte e a vida, aproveitar as possibilidades oferecidas pela modernidade, mas nunca teve espírito de critica
O autor acredita que o pensamento moderno cresceu no século XX, mas as reflexões a respeito da modernidade estagnaram, pois,
“... Perdemos ou rompemos a conexão entre nossa cultura e nossas vidas, (...) esquecemos (...) de nos reconhecermos como participantes e protagonistas da arte e do pensamento de nossa época (...) esquecemos como apreender a vida moderna de que essa arte brota”. (Berman, p.35)
É segundo o autor uma modernidade que está sem contato com o seu modernismo, e por isso incapaz de ter poder de renovação, de organizar a vida das pessoas. O autor propõe uma solução simples, analisar os modernistas do século XIX pensando em nossa era, assim podemos dar sentido as nossas raízes modernas, entender toda a contradição da modernidade que nos permeia e atinge, e criar nossos próprios modernistas permitindo que conheçamos a cultura modernista e tenhamos como nossa.
Bibliografia:

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.) Século XX, Volume II: O Tempo das Crises.