sábado, 12 de abril de 2008

Fichamento do texto nº 4:

HOBSBAWM, Eric J;

“A Era dos Impérios: 1875-1914.” Capítulos 2.

O autor começa sua descrição da economia da era dos impérios apontando o fato de que durante essa época, o ritmo comercial gerou depressões (mais especificamente entre 1873 e 1890), mas a produção e o comercio mundial continuou a aumentar, basicamente pela chegada Revolução Industrial a novos países como a Rússia ,Azerbaijão e Ucrânia (até mesmo os países subdesenvolvidos, embora seu desenvolvimento tenha sido dependente), e o desenvolvimento econômico dos EUA, Japão e Alemanha. Apesar desse crescimento da produção, a crise gerou crenças pessimistas, baseadas numa sensação de mal estar econômico e sociais ou otimistas baseadas na esperança de que o capitalismo teria seu fim a partir da vivencia de suas contradições internas.

Já os capitalistas se preocupavam com a queda dos preços, das taxas de juros e de lucros, a queda de preços era por demais preocupantes, pois o século foi deflacionário, principalmente entre 1873-1896, e por que reduz a taxa de lucro (objetivo do capitalismo). Essa queda nos preços foi causada pela nova tecnologia industrial (que encareciam o custo da produção, seja deixando a empresa com equipamentos obsoletos que nem produtividade e conseqüentemente lucratividade ou com novos, que devido ao preço demoravam a ser pagos e também não permitiam a lucratividade rápida) que aumentou a produção e pela insuficiente rapidez do crescimento do mercado (ainda não estava desenvolvido o consumo de massas). Outro agravante foi a queda gradual, e a flutuação do preço da prata e sua cotação em relação ao ouro; já que os pagamentos internacionais eram feitos em metais preciosos;o que complicou o comercio entre países cujas unidades monetárias tinham base em metais preciosos diferentes.

As pessoas envolvidas na agricultura tinham preocupantes a mais (ocorreu à desaceleração da taxa de crescimento da produção agrícola mundial após o salto inicial, por causa dos oito anos de seca 1895-1902 e do surgimento de novas pragas), já que este setor sofreu mais profundamente a crise devido à superprodução das décadas anteriores e ao abatimento dos custos de transporte que fez com que os preços dos produtos agrícolas caíssem vertiginosamente. As conseqüências políticas desse fator são importantes, já que a maioria da população era na época trabalhadora agrícola, a reação deles dependeu da riqueza e da estrutura política de seus países (em algumas regiões a situação foi agravada devido ao surgimento de outros flagelos),mais a maioria das populações escolheu como solução ou a imigração ou a formação de cooperativas.Por conseguinte a reação dos países foi variada, uns escolheram deixar a agricultura se atrofiar (não tinham campesinato), outros modernizaram propositalmente a agricultura, e alguns optaram pelas tarifas alfandegárias que mantiveram os preços elevados(para beneficio dos agricultores, e das organizações de industriais nacionais ),

A partir dessas medidas concluímos que a era dos impérios deixou de ser a era do liberalismo principalmente no mercado de matérias primas (embora não no mercado de capitais e de mão de obra),cresceu a desconfiança em relação a eficácia da doutrina liberal,houve uma democratização da política que obrigou os governos a adotar políticas de reforma e de bem estar sociais.Isso porque os Estados intervinham na economia tomando as medidas que já citamos contra a concorrência, a exceção foi a Grã-Bretanha que continuou com o comercio livre, com as vantagens de ser a maior exportadora de produtos industrializados, de capital, de serviços financeiros, comerciais e de transporte, além de ser a maior importadora de produtos primários do mundo, por isso o livre comercio era importante, pois permitia que os fornecedores trocassem seus produtos primários por manufaturados britânicos, e dava aos países protecionistas espaço para promover suas exportações,fora isso,até as empresas multinacionais procuraram se vincular a economias importantes.

Este protecionismo só ocorreu no mundo desenvolvido onde os Estados era fortes o suficiente para impo-lo(e se tornavam rivais),o mundo subdesenvolvido não tinha opção e continuava a se desenvolver suas economias para atender as necessidades e interesses de suas potências.O protecionismo restringia-se em maior parte ao comercio de mercadorias,o agrícola teve conseqüências variáveis de país a país e o industrial,ao incentivar a industria nacional produzindo para o mercado interno aumentou o número de industrias,e a produção(que foi melhor distribuída entre os países industrializados).

Outra reação (à queda do lucro, dos preços e aumento da concorrência do período) significativa à crise foi à concentração econômica e a racionalização empresarial, não era monopólio ou oligopólio (embora a concentração capitalista implica-se numa tendência a formação destes), mas uma junção de vários capitalistas em conseqüência ao crescimento da empresas se fez necessário novas formas de controlar essas empresas (já que os métodos tradicionais não estavam dando mais resultados),estas serão baseadas na racionalidade científica(visando a maximização dos lucros ,criaram táticas para conseguir que os operários produzissem mais,isolando-o do grupo,pagando maiores salários ,transferindo o controle do processo de trabalho aos agentes da administração, e dividindo o processo produtivo em unidades componentes cronometradas).

A procura do capital por investimentos mais lucrativos, e da produção por mercados ajudaram na construção de outra saída à crise, o imperialismo e as suas políticas expansionistas territoriais e de mercado. Entretanto, apesar da crise o custo de vida baixou por causa da queda dos preços de produtos agrícolas o que melhorou as condições de vida dos trabalhadores.

De repente a economia capitalista fez sua virada, saído da crise para era de prosperidade conhecida como “belle époque”, devido à redistribuição do poder de iniciativa econômica, ao relativo declínio britânico, e avanço dos EUA (com maior população, portanto com mais mercado consumidor), e da indústria alemã (que produziu muito), assim a o conjunto da economia cresceu rapidamente. Essa virada irá ser entendida pelos economistas como um movimento de primeiro esgotamento do lucro potencial de inovações econômicas, vindo logo após um movimento onde a s inovações tecnológicas terão seu potencial apreciado e aproveitado, e foi justamente isso que ocorreu às novas indústrias renovaram a economia mundial, com seu desenvolvimento rápido no fim dos anos 1890.

Por volta dessa época, as pessoas se aglomeram com mais intensidade nas cidades, e devido a que da de preços tinham um poder aquisitivo maior, por isso surgiu o consumo de massa (devido ao aumento da população ,da urbanização e da renda real,que foi mais importante do que o crescimento do consumo das classes abastadas cuja demandada não mudou)publicitária dirigida às massas, as vendas a prazo. Devido ao aumento do consumo, o mercado internacional dos produtos primeiros cresceu, e as regiões subdesenvolvidas conseqüentemente também, aumentando a circulação de bens e de pessoas das regiões desenvolvidas para as subdesenvolvidas, modernizando essas regiões, mas sobre os interesses das potencias. Apesar da grande transformação da popularização da revolução tecnológica, da indústria e da ciência, as transformações econômicas em si mesmas foram apenas uma melhoria da primeira revolução industrial.

Outra característica dessa época foi à rivalidade entre Estados, principalmente depois que a Grã Bretanha foi perdendo sua posição de economia central, devido ao surgimento de outras economias importantes como a da Alemanha, a do Japão e a dos EUA, este fato não foi imediatamente percebido devido a dependência da maioria dos países industrializados dos serviços financeiros, comerciais e da frota mercante da Inglaterra, por que aqueles compravam produtos primários do mundo subdesenvolvido e acumulavam um déficit comercial , a Inglaterra era responsável por restabelecer o equilíbrio global, importando bens manufaturados de seus rivais e exportando seus produtos indústrias para o mundo dependente.

O impacto maior dessa época para as pessoas era o êxito da economia, por isso para a classe média esse período ficaria conhecido como a belle époque, uma era que acabaria em 1914, as mesmas motivações que a tornou prospera a levaram para a guerra; para os operários,apesar da sensação de pleno emprego causada pela intensa utilização de mão de obra quase não qualificada ,quando ocorreu a mudança nos termos de troca devido a desaceleração no crescimento da produção agrícola mundial, e os termos de troca ficaram mais favoráveis a agricultura, pressionando os custos da produção industrial e sua lucratividade, essa pressão foi transferida para os operários, que tiveram estagnação ou abatimento no salário real o que foi um das principais causas de tensão social ocorridas nos anos anteriores a 1914.

domingo, 6 de abril de 2008

Fichamento do texto nº 4:

HOBSBAWM, Eric J;

“A Era dos Impérios: 1875-1914.” Capítulos 1.

O autor começa analisando o mundo de 1880(cem anos após a Revolução Francesa), e a primeira característica que aponta é a globalidade do mercado, e outra é que as explorações já tinham outros objetivos, e outras idéias que eram suas novas bases.

Além disso, ele assinala três inovações que fundamentais a época, a ferrovia, a navegação a vapor e o telégrafo elétrico, que reduziram em tempo as viagens de pessoas e informações, portanto os países estavam cada vez mais interligados pelos deslocamentos de bens, pessoas, capital, comunicações, produtos materiais e idéias.

Durante essa época a diferença entre os países se acentuou embora ainda parecesse superáveis, a tecnologia era a causa principal dessa diferença, e expunha a fragilidade dos países pobres, que foi largamente aproveitada pelos países europeus industrializados, que fizeram sua relação de diplomacia e exploração com esses países pobres baseando-se nas armas (ao contrario da primeira exploração colonial que só consegui ser realizada devido à agressividade e a organização disciplinada).

Assim segundo o autor o mundo de 1880 era único, mas dividido entre dois setores que juntos se completavam e formavam o sistema, eram os setores desenvolvidos e o defasado, as fronteiras entre os dois não eram muito bem traçadas, por exemplo, a própria Europa possuía partes dinâmicas e partes periféricas como a Rússia.

A partir daí o autor expõe as principais diferenças entre esses dois setores do mundo, uma delas é que o setor desenvolvido era unido pela sua história, sua política e sua expansão sobre o segundo (e por ser portador do progresso capitalista), é a supremacia era basicamente deles já que tinham a maior população e a maior e melhor produção industrial, de avanços tecnológicos e de cultura erudita (ainda restrita as elites, ao longo do século XIX os liberais e os ideólogos de esquerda iram exigir que a cultura seja de livre acesso).

Outras características comuns aos países desenvolvidos era possuir um Estado territorial homogêneo, internacionalmente soberano, com extensão o bastante para proporcionar um desenvolvimento econômico nacional, e um corpo de instituições jurídicas e políticas de tipo liberal representativo, garantir a autonomia e a iniciativa locais, serem composto de cidadãos, indivíduos que desfrutavam de direitos jurídicos e políticos e tinha relações diretas com o governo nacional (homens adultos se adequavam melhor a esse perfil).

As regiões atrasadas não tinham muitas características em comum com essa teoria constitucional, pois eram formados por colônias ou impérios antigos, os poucos que tinham características democráticas excluíam as populações anteriores a chegada dos colonizadores. Além de só serem unidas por suas relações de dependência com as regiões desenvolvidas, dependência esta causa pela incapacidade de integrar a rota de comercio, de alcançar o nível tecnológico do setor desenvolvido, e de resistir aos homens armados , o que os unia também na categoria de vitimas.

Apesar disso o setor desenvolvido (que estava em rápido processo de urbanização), com suas cidades importantes e numerosas ainda permanecia essencialmente agrícola, embora fosse uma agricultura bem mais eficiente do que a das regiões não desenvolvidas, além disso, ainda havia a produção dos pequenos artesãos (que entrou em crise por volta desta época com a concorrência das fabricas) e a industrialização não se restringiu ao chamado Primeiro Mundo, tendo atingido algumas regiões do mundo atrasado com indústrias de infra-estrutura, de extrativismo, têxtil, alimentícia, metalúrgica, apesar desses países não poderem ser descritos como industrializados.

No setor desenvolvido a maioria da população era alfabetizada, e as esferas da vida (política, econômica e intelectual) haviam se desprendido das religiões antigas, do tradicionalismo e da superstição, além disso, esta parte do mundo monopolizava a ciência que era parte principal da tecnologia moderna. Já nas regiões atrasadas a população analfabeta era maioria, inclusive a urbana o que era um indicador de maior atraso (embora a o analfabetismo em massa não excluísse a existência de uma cultura maravilhosa, restrita a uma minoria, mas as regiões desenvolvidas também se caracterizavam pela Universidade secular e a Ópera),essa diferença se dava por dois motivos :um cultural;pois nas regiões desenvolvidas haviam mais judeus e protestantes,que incentivam mais a educação de massa e outro era o reflexo da divisão econômica e social do trabalho.

Nessa época, por volta de 1880, o dinheiro se tornou a nascente das diferenças de liberdade (a liberdade é de todos, mas só os que têm dinheiro podem aproveitá-la), de status jurídicos, de poder de influencia política e de coerção (quem tinha dinheiro tinha esse poder). O que definiu o século XIX basicamente foi à mudança, causada em função dos objetivos das regiões dinâmicas, apesar dessa mudança atingir a todos os países, ela foi diferente em cada um deles.

Entre os progressos culturais da época estão à abolição da servidão, a expansão da alfabetização, e o asseguramento da educação de massa universalizada, as instituições se encaminhavam ao constitucionalismo liberal (a democracia era um sinal de progresso embora não existisse em meio mundo). Entre tantos progressos (na tecnologia, na produção material, na comunicação e na cultura) o espírito era de grande otimismo, como se a historia garantisse o aperfeiçoamento continuo, idéia que inclusive ira ser teorizada por um filósofo chamado Hegel. Apesar de tantas mudanças na produção, a sociedade de consumo só irá mudar depois da 1ª guerra (um exemplo disso é que as primeiras lojas de departamentos criadas na época não visavam à classe trabalhadora), mesmo que as tecnologias já melhorassem vida das pessoas.

Contudo nas regiões atrasadas, a novidade tecnológica ou cultural, que geralmente era trazida por gente de fora era vista como perturbadora de velhos hábitos, só as minorias governantes e não religiosas conseguiam se beneficiar dela, essa impossibilidade ou a recusa da maioria dos habitantes dessas regiões em aceitar a modernidade (que segundo Berman abre um leque de possibilidades, mas destrói valores tradicionais) fez com que os habitantes das regiões desenvolvidas concluíssem que o resto da humanidade era inferior a eles, por não poder atingir o que eles brancos europeus atingiram e a partir dessa premissa dividissem o mundo em raça, e seus próprios países entre a classe média e as massas que sempre seriam inferiores devido a suas deficiências genéticas, assim a biologia foi apropriada para explicar a desigualdade social.

Essa ideologia foi tão forte que muitos países latino-americanos, adotaram medidas de branqueamento racial (pelo casamento inter-racial, ou pelo repovoamento com europeus brancos importados) para tentar atingir o progresso, o despotismo tornou se um modo legítimo de governar os atrasados, sobre a retórica de que a finalidade do avanço seria alcançada, além de acirrar o contraste entre progresso como aspiração universal, e a real diferença entre regiões avanças e atrasadas.

Finalmente, nas regiões desenvolvidas o progresso chegou a um ponto, em que a retórica pessimista começou a ser ouvida, começava a era da crise.

BIBLIOGRAFIA:

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49)

FALCON, Francisco J. C.; ”O capitalismo unifica o mundo” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.) Século XX Volume I: O Tempo das Certezas.

Fichamento do texto nº 3:

PAXTON, Robert; “A Anatomia do Fascismo” Capítulo 8.

Ao analisar o fascismo com base em cinco estágios (a criação dos movimentos, o enraizamento nos sistema político, a tomada de poder, o exercício do poder e a opção pela radicalização ou não), onde cada um desses estágios é diferente, o autor levanta uma pergunta: qual deles é o fascismo real?E a partir dessa pergunta ele expõem as várias definições do fascismo, e as diversas respostas a essa pergunta.

Alguns autores argumentam que o fascismo só é puro antes da sua ascensão ao poder, pois para chegar ao poder ele se corrompe com alianças e tratados. Esses autores não levam em consideração que para definir o fascismo é necessário analisar seus estágios finais e iniciais, não de forma isolada, mas como um conjunto.

Outros vêm o fascismo resumido a ações perversas de loucos que chegaram ao poder numa época de decadência moral, sem explicar por que ele chegou ao poder, e porque conquistou tanto apoio popular, esta analise não é histórica, pois atribui ao acaso e as proezas individuais de seus lideres o sucesso do fascismo.

O paradigma da terceira internacional de Stálin argumenta que o fascismo seria o resultado da crise inevitável do capitalismo, mais não expõe a escolha dos cidadãos comuns, nem o fato de que o fascismo e o capitalismo foram aliados. No extremo oposto existe um grupo que pensa o fascismo como carrasco do capitalismo, tomando como exemplo as condições das classes médias nos países que adotaram o fascismo como regime depois da guerra e as declarações de empresários se eximindo da culpa, mas como já foi assinalado o fascismo e o capitalismo foi aliado não inevitável e nem confortáveis.

Existem também as explicações psicologizantes, direcionadas principalmente para Hitler e sua “loucura”, ela não analisa como os lideres “malucos” fascistas exerciam atração nas massas; todavia Wilhelm Reich mostrou outra tese psicologizante, a de que o fascismo foi causado pela repressão sexual masculina, porém ele não considera que a repressão sexual não era maior na Alemanha e na Italia do que em outros países.

Entretanto, as explicações sociológicas são mais bem construídas, e focam na industrialização rápida e tardia, no desenvolvimento social e econômico desigual, e no bloqueio dos acordos pelas elites pré- industriais sobreviventes que causam tensões de classe mais agudas, principalmente na Itália e na Alemanha. Ou na atomização das massas causada pela mesma industrialização, e na corrupção das tradições por causa da modernidade.

Uma comparação é feita entre fascismo e as ditaduras desenvolvimentistas, argumentando que os dois têm o objetivo comum de acelerar o crescimento industrial pela poupança forçada, têm em vista o caso italiano, não observa que o fascismo submete a economia à política e não ao contrario.

Há um paradigma que interpreta o fascismo como conseqüência dos ressentimentos das classes média inferior, que seriam os mais prejudicados pelas mudanças econômicas e sociais ocorrentes na época, mas o apoio ao fascismo veio de varias classes.

Outra comparação é feita entre fascismo e totalitarismo, porém é importante assinalar que a ambição totalitarista jamais foi realizada totalmente (por exemplo, o partido fascista sempre competiu pelo poder com a burocracia estatal, proprietários industriais e agrários ,igrejas ,e elites tradicionais), esta interpretação tenta compara também o regime fascista com o regime bolchevique da URSS com base em algumas semelhanças como:aspiração ao poder total, partido único, ideologia oficial, controle policial terrorista e monopólio dos meios de comunicação, das forças armadas e da organização econômica.Entretanto, para os fascistas a lei estava subordinada aos imperativos de raça ou classe,e eles não queriam só matar os inimigos raciais,mas também exterminar a cultura desses inimigos.

Ao focar na autoridade central essa comparação não observa que as bases fascistas concordavam com as idéias e praticas de sua liderança, além de colocar a imagem de lideres eficazes, não expõe e a realidade,por exemplo ; Hitler reduziu o governo a feudos pessoais;e Mussolini não era capaz de impor prioridades organizadas.Finalmente essa comparação não analisa a eficiência com que os fascistas conseguiam se encaixar na sociedade.

Além dessa existe uma comparação entre o fascismo e a religião política, que leva em consideração a mobilização das massas em torno de ritos e da palavra do líder, o estimulo ao ponto de abnegação, além de considerar que o fascismo pregava uma verdade da qual não admitia dissidência, e que de certa forma ele preenchia o vazio criado pela secularização da sociedade e da moral, só que essa comparação não considera que essa crise existencial permeava os vários países europeus.

Ou entre o fascismo e a tirania clássica, só que a tirania não mobiliza seus cidadãos e é mais comum, embora ambos militarizem suas sociedades e coloquem as guerras de conquista como uma meta. Ou a entre fascismo e o autoritarismo, que assumiu características fascistas bem sucedidas, embora não almejasse reduzir a esfera privada, nem tivesse um partido único oficial, nem mobilizassem as massas além de desejarem um Estado forte mais limitado, hesitando em intervir na economia, o que os fascistas estariam sempre prontos a fazer.

O paradigma antropológico tenta mostrar como o fascismo se apresentava ao público, mas não mede a influencia do fascismo, não explica como os lideres fascistas adquiriram poder suficiente para controlar a cultura, e não conseguem achar um programa cultural (ou um estilo, estética fascista única e imutável) comum a todos os movimentos fascistas ou a todos os estágios do fascismo.

Após mostrar as diversas interpretações do fascismo o autor argumenta que este tem que ser definido como um comportamento político, preocupado com a decadência e a humilhação da comunidade e que oferece cultos compensatórios da unidade, da energia e da pureza. Como um fenômeno das democracias fracassadas, que usa técnicas para canalizar sua energia em torno da construção da comunidade, e de projetos de limpeza interna e expansão externa pela violência redentora. Além de não consistir em aplicação direta de seu programa nem de oportunismo desmedido, mas sim num composto de conservadorismo, nacional socialismo e direita radical contra um inimigo e pela regeneração, energização e purificação da Nação ou da raça.

Paxton aponta alguns sentimentos que permeiam o fascismo, aos quais ele chama de “paixões mobilizadoras”, como por exemplo, o senso de uma catástrofe que não pode ser resolvida tradicionalmente, supremacia do grupo, que também é uma vitima da modernidade, este postulado justifica qualquer ação em nome do grupo vitima.

E também o pavor da decadência do grupo sob a influencia do liberalismo individualista, dos conflitos de classe e dos estrangeiros, portanto há a necessidade de uma integração no interior de uma comunidade pura,por consentimento ou pela violência excludente ,e de um chefe capaz de encarnar o destino histórico do grupo.

O autor termina argumentando que o fascismo enquanto movimento existe até hoje em diversos países, por que o abandono das liberdades democráticas, principalmente das massas é uma tentação recorrente para as democracias atuais;como forma de resolver facilmente todos os problemas dos seus regimes.A ascensão ao poder novamente do fascismo só depende da severidade da crise e das decisões humanas, principalmente dos detentores do poder econômico, social e político.

BIBLIOGRAFIA:

PAXTON, Robert; ”Introdução” In___ Idem “A anatomia do Fascismo”.

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49)

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.)

Século XX Volume II: O Tempo das Crises.

O filme é basicamente sobre a idéia de eugenia, e como essa idéia (junto à idéia de hereditariedade, evolução e outras idéias biológicas que começavam a serem descobertas) influenciou a política em vários países do mundo, mas principalmente os europeus desde 1900 (quando a eugenia de tornou um credo cientifico) até por volta de 1945. No filme são apresentados os movimentos eugênicos de alguns países mais importantes: União Soviética, Alemanha, Estados Unidos e Suécia.

Antes de comentar mais especificamente sobre esse movimento nesses países, é importante apresentar as características mais gerais do movimento eugênico. Este surge a partir da modernidade, que segundo Berman, expande as possibilidades de experiência, mas corrompe valores tradicionais fazendo surgir pensamentos nostálgicos em relação ao mundo pré- moderno; Cohen coloca que esta modernidade gera um conflito entre o progresso e a saudade do passado. Além disso, o homem começa a perceber que sua condição biológica e natural é contrastante com a sociedade (daí surge o movimento nudista, como negação da modernidade e apreciação do natural), surgem os conceitos de degeneração e destruição racial e cultural. A partir dessa contradição a biologia, e suas descobertas surgem como redenção da humanidade.

A eugenia tem dois caminhos, o positivo que seria a reprodução somente dos mais aptos e o negativo que a esterilização, a morte e a redução da condição social dos defeituosos, a eugenia positiva traz conflitos, pois implica em submeter à sexualidade as qualidades genéticas, em separar a reprodução e o amor, e, portanto desafia a moralidade burguesa enquanto que a negativa não traz todos estes conflitos, as duas convergem no mesmo ponto, pois pregam o bem estar da coletividade acima dos direitos do individuo.

A eugenia mistura o orgulho de ser superior e a esperança de um mundo melhor na terra, por isso muitas pessoas aderem a essa idéia, é importante agora assinalar como a eugenia evoluiu nos países citados no filme ao longo do tempo.

Na Alemanha, a idéia de eugenia se tornou rapidamente popular e por isso alguns alemães admiraram a iniciativa da Suécia de estudar as medidas dos diferentes tipos de pessoas, e a partir disso fundam o Instituto de Biologia; nele a antropologia (cuja missão era além de estudar raça e origem, garantir o futuro da melhor raça) se torna líder das ciências auxiliares da ciência principal “Raça Eugênica Antropológica”, este instituto se dedicará a encontrara a conexão entre a hereditariedade, meio ambiente e cruzamento; e a estabelecer medidas sociais para os racialmente saudáveis.

Para o movimento eugenistas alemão, o que chamava mais atenção eram o corpo, e a decadência deste refletia bem o conflito da sociedade, a ânsia pelo padrão de beleza clássica e a feiúra, a imperfeição causada pela modernidade. Por isso os alemães tentaram achar a encarnação do bem e do bom.

O partido Nacional Socialista Alemão foi o primeiro a usar a eugenia, e a higiene racial como bandeiras, e Hitler foi o primeiro político influente que percebeu a importância dessas bandeiras e lutou por elas, com sua ascensão ao poder o Instituo de Biologia de Berlim vira um lugar de propagação de política racial e de idéias, principalmente a partir da arte que tinha o papel de positivar essa ideologia. Hitler levará a política eugenistas ao extremo, chegando ao ponto da exterminação em massa dos inferiores.

Enquanto na União Soviética, num primeiro momento; imediato a Revolução, a eugenia e a ciência andavam ligadas com a idéia de revolução. O movimento eugenistas, ao contrario da Alemanha, se dedicou a estudar o cérebro, para tentar descobrir as bases genéticas e biológicas da inteligência, o primeiro cérebro a ser estudado foi o de Lênin, além disso, os cientistas traçavam arvores genealógicas dos grandes homens com o mesmo objetivo.

Os eugenistas defendiam que com a seleção dos mais aptos, haveria um aumento da capacidade física e mental do homem e conseqüentemente um aumento da produtividade. O debate se acirrou entre os lamarckistas (o meio ambiente forma o homem) e os Mendelistas (a genética forma o homem), porém com ascensão do nazismo, o mendelismo, a genética e a eugenia são tidas como reacionárias e a idéia do lamarckismo, onde a sociedade molda o homem é bem mais sedutora para os bolcheviques.

Assim o movimento eugenistas morre na URSS na década de 30. Nessa época um cientista defensor do lamarckismo vira mártir e tema de filme na URSS com o objetivo de deter o avanço do mendelismo considerado contra-revolucionário pelo Kremlin.

No Pós - Guerra (e antes do fim dela) Stálin passou a ditar as leis biológicas com base no Lamarckismo, e os geneticistas e biólogos dissidentes foram presos ou mortos, e para a URSS o mais importante era o compromisso com o trabalho e com o espírito de progresso.

Já nos Estados Unidos a eugenia teve inicialmente sucesso imediato, o que gerou a implantação das políticas de esterilização dos racialmente desprezíveis e as competições eugênicas, onde varias famílias eram avaliadas segundo as medidas físicas e de inteligência. Durante essa época, por volta de 1910 até 1940, a pesquisa genética estadunidense guiou o mundo.

Entretanto durante a década de 40, o movimento eugenistas nos EUA se retrai, principalmente por causa da guerra contra a Alemanha (que era vista como expoente da eugenia, porem na verdade os primeiros países a adotar a eugenia prática foram a Suécia e os EUA), e da “descoberta” (quando a população fica sabendo, pois as autoridades já sabiam há muito tempo) das atrocidades alemães, a partir de então a eugenia é vista pelos estadunidenses como não cientifica.

Na Suécia a eugenia é combinada com políticas sociais, que beneficiavam os racialmente bons; aqueles que foram considerados desprezíveis foram mortos ou esterilizados, e ficaram pobres. E o movimento eugenistas dura para além da guerra, o exemplo disso é que algumas leis, medidas e práticas só foram revogadas na década de 80.

Atualmente a idéia de montar uma sociedade baseada numa raça superior continua sendo um sonho, revitalizado depois da queda das utopias (“fim do socialismo” com a queda da URSS, e fim do “bom” capitalismo com a crise dos anos 70 e a readaptação do liberalismo). E para sabermos como combatê-lo é necessário que saibamos como a idéia eugenistas se transformou, foi aplicada e combatida ao longo da história.

BIBLIOGRAFIA:

PAXTON, Robert; Introdução e Capítulo 8 In___ Idem “A anatomia do Fascismo”.

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.).

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49).