domingo, 30 de março de 2008

Fichamento do texto nº 2:

PAXTON, Robert; ”Introdução” In___ “A anatomia do Fascismo”

Segundo o autor o fascismo foi à invenção política do século XX, realmente impensável para os seus antepassados que uma ditadura antiesquerdista, como ele foi, conquista-se apoio popular, o questionamento das razões desse apoio popular será desenvolvido ao longo deste texto e também do

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.).

Paxton argumenta que os fascismos faziam uma mistura de nacionalismo, anticapitalismo, voluntarismo, apelava para as emoções e violência ativa contra seus inimigos, além disso, muitos empresários liberais forneceram apoio ao fascismo com medo da esquerda, e os conservadores também o fizeram. Algumas dessas características tornaram-se mutáveis(principalmente por que os regimes fascistas chegaram ao poder fazendo alianças com conservadores e liberais e por isso tiveram que renegar partes dos seus programas iniciais), vide o anticapitalismo fundamentado na critica ao individualismo e internacionalismo burguês (como diria Marx: “(...) Para desespero dos reacionários, ela retirou à indústria sua base nacional”.( 1848 ,pg.3)),forte `principio ,esta critica ao chegar ao poder nada realizou,pelo contrario os fascistas investiram e fizeram lucrar as industrias bélicas e de infra estrutura.

O fascismo atraiu pela mistura entre privado e público que a sua teoria propunha, por exemplo, a cidadania era praticada através das suas cerimônias de massa, assim o individuo se inseria a tal ponto na comunidade, que somente o bem estar da ultima interessava.

Por isso os fascistas não tinham um programa, para eles a vontade do Líder bastava, pois ele quem ajudaria a raça (que se unia misticamente ao líder) a realizar seu destino além de representar e agir em nome do bem estar da comunidade. Talvez essa seja uma das partes mais romantizadas do fascismo, mas também era um ponto fraco, pois o líder tinha que contar com o zelo incondicional dos fies, além de criar uma situação desconfortável com os intelectuais (o relacionamento entre movimento e intelectuais foi mais uma das características mutáveis do fascismo, posto que no inicie foram os intelectuais que tornaram possível pensar o fascismo como uma resposta as insatisfações e depois da tomada do poder essa relação se torna tensa).

Junto à retórica anticapitalista, a defesa de uma vida campestre atraiu muita daqueles que foram prejudicados com a industrialização. Essa defesa do rural junto ao investimento em tecnologia não era antagônica, pois os fascistas sentiam isso: “(...) condições de vida da sociedade moderna sem as lutas e os perigos que dela decorrem fatalmente. Querem a sociedade atual, mas eliminando os elementos que a revolucionam e a dissolvem. (...)”. (MARX, 1848,pg.24).Ou seja,eles queriam construir um tipo novo de modernidade onde os conflitos já estivessem sido resolvidos por eles.Porém esta é uma característica que muda durante a guerra,e fica reduzida a uma nostalgia e a poucas legislações especificas que visam manter pobres camponeses na terra sem prejudicar os grandes latifundiários.Essa pregação ao passado feudal Marx já tinha avisado quase um século antes que ficaria só na utopia :

(...) sua impotência absoluta de compreender a marcha da história moderna terminou sempre por um efeito cômico”. (MARX, 1848, pg.19)“(...) Demonstraram (...) a decadência inevitável dos pequenos burgueses e camponeses, (...) a dissolução dos velhos costumes, das velhas relações de família, das velhas nacionalidades (...) restabelecer os antigos meios de produção e de troca e, com eles, as antigas relações de propriedade e a sociedade antiga, ou então fazer entrar à força os meios modernos de produção e de troca no quadro estreito das antigas relações de propriedade que foram destruídas e necessariamente despedaçadas por eles”. (MARX, 1848, pg. 21)

É difícil para o pensamento neoliberal imaginar isso, mas as pessoas ficavam psicologicamente felizes em poder fazer parte de “uma empreitada geral pela raça da qual se fazia parte”, um sacrifício pelo coletivo (tão estranho a ideologia dominante atual) além das promessas de uma vida melhor que os fascistas faziam. O êxtase era tanto que o incomodo que algumas medidas e pratica fascistas, como a Noite dois vidros quebrados (o ultimo massacre e o inicio do Holocausto), causavam era temporária, e nenhuma autoridade civil, política, religiosa ou judicial tentou impedir Hitler, a partir daí os militantes fascistas sentiram uma liberdade da qual muito se utilizaram.

Em um segundo momento o autor desconstrói algumas das imagens do fascismo, a primeira é a imagem do demagogo-ditador (ou uma visão que só aborda os momentos mais importantes da historia do fascismo, retirando seu lado cotidiano e a apoio recebido durante esse cotidiano); esta alivia aqueles que apoiaram os regimes fascistas. Outra imagem freqüentemente usada é a das multidões em êxtase, facilmente manipuláveis, ajuda a formular a tese de que os povos europeus são predispostos naturalmente a aceitar o fascismo, aliviando outros países. Ainda tem a da definição desde o começo do fascismo como regime de extrema direita, o que não é verdade, posto que logo após a chegada de Mussolini ao poder, muitos não sabiam em que lado (esquerda ou direita) sua doutrina iria se encaixar,para ele essa divisão era velhaca e dividia a nação.

Finalmente o autor divide o fascismo em cinco fases, não necessariamente imanentes ao fascismo nem lineares, estas são: a criação dos movimentos, o enraizamento nos sistema político, a tomada de poder, o exercício do poder e a opção pela radicalização, nada exige que venha a passar por todos, nem que se mova numa direção, pré-requisito para o seguinte isso permite uma comparação entre movimentos e regimes diferentes, sucessão de processo e escolhas.

BIBLIOGRAFIA:

MARX, Karl; “Manifesto do partido comunista”.

FALCON, Francisco J. C.; ”O capitalismo unifica o mundo” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.) Século XX Volume I: O Tempo das Certezas.

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49)

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.)

Século XX Volume II: O Tempo das Crises.

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