domingo, 30 de março de 2008

Fichamento do texto nº 2:

FALCON, Francisco J. C.; ”O capitalismo unifica o mundo” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.) Século XX Volume I: O Tempo das Certezas.

O autor parte do conceito de capitalismo, como histórico, e diferenciar as conjunturas existentes do século XV ao XIX, e do XIX em diante.

Nos séculos os XI e XII, houve uma revolução econômica que estimulou a produção, as trocas de mercadorias e o renascimento urbano. Alguns séculos depois o mercado internacional (existia pouca articulação entre os diferentes mercados, devido à variedade de pesos e medidas, excesso de postos de cobrança) se desenvolvia a partir da expansão especial causada pela expansão marítima, em suma podemos dizer que:

“A descoberta da América, as circunavegações da África (...). Os mercados da Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram um impulso, ( ...), ao comércio, à indústria, à navegação, e,(...). A grande indústria criou o mercado mundial preparado pela descoberta da América..( MARX, 1848 ,pg.3).

Ou seja, a expansão marítima também foi comercial na medida em que as trocas comerciais entre colônias e colonizadores, e entre os próprios colonizadores (por exemplo, a secularização de bens eclesiásticos depois da Reforma Protestante) deram estimulo a produção, à mudança de preços e do consumo europeus, enriquecendo estes. A produção era agrícola ou bens de consumo (roupas, sapatos e etc) mesmo na Europa, e a maioria das crises surgia devido a uma má safra. A expansão marítima também propiciou uma revolução intelectual, ao desatualizar os paradigmas bíblicos ou da tradição greco-romana, abrindo caminho para novas formas de pensar, principalmente com base na matemática (devido às necessidades dos viajantes), e também ajudar na expansão do papel da imprensa como difusora de informações e na expansão do cientificismo pelo estudo de outras culturas. A colonização era marcada pela violência,pela conquista missionária e econômica do outro.

Nessa época, por volta dos séculos XVI ao XVIII, surgiram as primeiras “bolsas de valores”, as primeiras lojas (com comerciantes atacadistas), os melhoramentos nos transportes terrestres, muda-se o padrão de arquitetura e vestuário das classes abastadas (que passam a demonstrar luxo), e a ligação comerciantes-banqueiros e príncipes (ou entre três países diferentes, ou o comércio direto) fica cada vez mais forte, que facilitava o fornecimento de prata e ouro para ambos. Devido a essas características essa época é mais bem classificada como pré - capitalista.

Onde ainda existia Estado absolutista moderno que representava a manutenção da hegemonia aristocrática, mas sua dinâmica econômica desenvolvia os setores mercantis e manufatureiros, e a burguesia que atuam com a proteção do Estado. As dificuldades de manter estes dois interesses divergentes levaram o Estado Absolutista à crise e a segunda fase do capitalismo. Mais tarde ma Marx explicaria melhor a parte econômica desse processo: “O regime feudal de propriedade, deixaram de corresponder às forças produtivas em pleno desenvolvimento. Entravavam a produção em lugar de impulsioná-la. Transformaram-se em outras tantas cadeias que era preciso despedaçar; foram despedaçadas”. (MARX, 1848).

Em conseqüência da crise do regime político e economia, ocorreram duas revolução uma política chamada de Revolução Liberal cujo ápice é a Revolução Francesa, e uma econômica a Revolução Industrial na segunda etapa, a propriamente capitalista a partir do século XVIII.

Nessa época a hegemonia é britânica. A produção capitalista se expandiu se tornou essencialmente industrial, o trabalho se tornaram assalariado e cronometrado, ao longo do tempo as corporações desaparecem e as fabricas se multiplicam, os transportes sofrem grande melhoria, o que ajudou a “unir” o mundo. Marx cita mais algumas dessas mudanças:

A burguesia, durante seu domínio de classe,..., criou forças produtivas mais numerosas e mais colossais que todas as gerações passadas em conjunto. A subjugação das forças da natureza, as máquinas, a aplicação da química A Indústria e à agricultura, a navegação a vapor, as estradas de ferro, o telégrafo elétrico, a exploração de continentes inteiros, a canalização dos rios, populações inteiras brotando na terra como por encanto (...) “. (MARX, 1848).

Essas mudanças não foram causadas do nada,mais pelo aumento das necessidades ,como diz Marx :

“Dos servos da Idade Média nasceram os burgueses livres das primeiras cidades; desta população municipal, saíram os primeiros elementos da burguesia (...). A antiga organização feudal da indústria, em que esta era circunscrita a corporações fechadas, não podia satisfazer às necessidades que cresciam com a abertura de novos mercados. A manufatura a substituiu. Todavia, os mercados ampliavam-se cada vez mais: a procura de mercadorias aumentava sempre. A própria manufatura tomou-se insuficiente; então, o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. A grande indústria moderna suplantou a manufatura...”. (MARX, 1848, pg.3.

No campo político a primeira metade do século XIX, foi marcada pela defesa da liberdade “de comércio, a liberdade de comprar e vender”. (MARX, 1848), pela burguesia contra a aristocracia, a igualdade era ligada ao jacobinismo. Só depois da intensificação da industrialização, em conseqüência da proletarização maior a luta pela igualdade (de voto) ganhou espaço.

Surgiu também uma nova relação entre “colônias” e “colonizadores” pois havia novos objetivos, métodos e motivações surgidos basicamente em conseqüência dos efeitos da depressão de 1873-96, e do surgimento de novas potências imperialistas como Alemanha, Japão, Itália, Estados Unidos.Mas haviam pontos em comum como o uso da violência,e a mistura para os colonizadores de aventura, espírito cientifico, fé missionária conquista militar e sede de lucro(que vem da industrialização, das obras de infra – estrutura, da modernização dependente, das grandes plantações para exportação, da exploração de jazidas,cujos custos são dos países colonizados).Por exemplo,os “colonizadores” aprimoram suas técnicas de exploração se aproveitando dos conflitos étnicos(vide o exemplo da Índia), criando a guerrilha (um tipo diferente de guerra, onde as unidades de batalha são menores e mais móveis, onde a tortura e o ataque ao abastecimento inimigo são fundamentais testada na Argélia,usada na África),praticando a intervenção militar e política “temporária” que em muitos países como Argélia e Índia se tornaram definitivas(Um dos pretextos utilizados para intervir era ajudar os missionários em conflitos com elites, militares e comerciantes), além da exploração econômica e do protesto pela abertura da economia de países como China e Japão apesar de na teoria apregoarem o anticolonialismo liberal, preocupado com o fim da escravidão e das praticas mercantilistas.

Outro movimento político importante foi os nacionalismos de 1848, cujos objetivos eram complicados pois implicavam em resgatar ou criar culturas próprias.Portanto esses movimentos foram derrotados,ao mesmo tempo em que o liberalismo se consolida e a burguesia abandona o ideal ameaçador de revolução ,e estabelece alianças que garantam o liberalismo econômico e os diretos e liberdades dos poucos que eram considerados cidadãos.

No final do século XIX, esse nacionalismo ganhará um contorno expansionista e xenófobo, influencia da disputa das nações por novas “colônias” e pelo cientificismo que criou o darwinismo social, uma teoria racista que justifica o imperialismo. Anos mais tarde essas teorias junto com o impulsionamento nostálgico de conservar a tradição,originará o fascismo,que segundo Paxton foi a invenção política do século XX,diferente de todas as teorias anteriormente criadas,por ser uma nova resposta as crises.

BIBLIOGRAFIA:

MARX, Karl; “Manifesto do partido comunista”.

PAXTON, Robert; ”Introdução” In___ Idem “A anatomia do Fascismo”.

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49)

SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.)

Século XX Volume II: O Tempo das Crises.

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