domingo, 6 de abril de 2008

Fichamento do texto nº 4:

HOBSBAWM, Eric J;

“A Era dos Impérios: 1875-1914.” Capítulos 1.

O autor começa analisando o mundo de 1880(cem anos após a Revolução Francesa), e a primeira característica que aponta é a globalidade do mercado, e outra é que as explorações já tinham outros objetivos, e outras idéias que eram suas novas bases.

Além disso, ele assinala três inovações que fundamentais a época, a ferrovia, a navegação a vapor e o telégrafo elétrico, que reduziram em tempo as viagens de pessoas e informações, portanto os países estavam cada vez mais interligados pelos deslocamentos de bens, pessoas, capital, comunicações, produtos materiais e idéias.

Durante essa época a diferença entre os países se acentuou embora ainda parecesse superáveis, a tecnologia era a causa principal dessa diferença, e expunha a fragilidade dos países pobres, que foi largamente aproveitada pelos países europeus industrializados, que fizeram sua relação de diplomacia e exploração com esses países pobres baseando-se nas armas (ao contrario da primeira exploração colonial que só consegui ser realizada devido à agressividade e a organização disciplinada).

Assim segundo o autor o mundo de 1880 era único, mas dividido entre dois setores que juntos se completavam e formavam o sistema, eram os setores desenvolvidos e o defasado, as fronteiras entre os dois não eram muito bem traçadas, por exemplo, a própria Europa possuía partes dinâmicas e partes periféricas como a Rússia.

A partir daí o autor expõe as principais diferenças entre esses dois setores do mundo, uma delas é que o setor desenvolvido era unido pela sua história, sua política e sua expansão sobre o segundo (e por ser portador do progresso capitalista), é a supremacia era basicamente deles já que tinham a maior população e a maior e melhor produção industrial, de avanços tecnológicos e de cultura erudita (ainda restrita as elites, ao longo do século XIX os liberais e os ideólogos de esquerda iram exigir que a cultura seja de livre acesso).

Outras características comuns aos países desenvolvidos era possuir um Estado territorial homogêneo, internacionalmente soberano, com extensão o bastante para proporcionar um desenvolvimento econômico nacional, e um corpo de instituições jurídicas e políticas de tipo liberal representativo, garantir a autonomia e a iniciativa locais, serem composto de cidadãos, indivíduos que desfrutavam de direitos jurídicos e políticos e tinha relações diretas com o governo nacional (homens adultos se adequavam melhor a esse perfil).

As regiões atrasadas não tinham muitas características em comum com essa teoria constitucional, pois eram formados por colônias ou impérios antigos, os poucos que tinham características democráticas excluíam as populações anteriores a chegada dos colonizadores. Além de só serem unidas por suas relações de dependência com as regiões desenvolvidas, dependência esta causa pela incapacidade de integrar a rota de comercio, de alcançar o nível tecnológico do setor desenvolvido, e de resistir aos homens armados , o que os unia também na categoria de vitimas.

Apesar disso o setor desenvolvido (que estava em rápido processo de urbanização), com suas cidades importantes e numerosas ainda permanecia essencialmente agrícola, embora fosse uma agricultura bem mais eficiente do que a das regiões não desenvolvidas, além disso, ainda havia a produção dos pequenos artesãos (que entrou em crise por volta desta época com a concorrência das fabricas) e a industrialização não se restringiu ao chamado Primeiro Mundo, tendo atingido algumas regiões do mundo atrasado com indústrias de infra-estrutura, de extrativismo, têxtil, alimentícia, metalúrgica, apesar desses países não poderem ser descritos como industrializados.

No setor desenvolvido a maioria da população era alfabetizada, e as esferas da vida (política, econômica e intelectual) haviam se desprendido das religiões antigas, do tradicionalismo e da superstição, além disso, esta parte do mundo monopolizava a ciência que era parte principal da tecnologia moderna. Já nas regiões atrasadas a população analfabeta era maioria, inclusive a urbana o que era um indicador de maior atraso (embora a o analfabetismo em massa não excluísse a existência de uma cultura maravilhosa, restrita a uma minoria, mas as regiões desenvolvidas também se caracterizavam pela Universidade secular e a Ópera),essa diferença se dava por dois motivos :um cultural;pois nas regiões desenvolvidas haviam mais judeus e protestantes,que incentivam mais a educação de massa e outro era o reflexo da divisão econômica e social do trabalho.

Nessa época, por volta de 1880, o dinheiro se tornou a nascente das diferenças de liberdade (a liberdade é de todos, mas só os que têm dinheiro podem aproveitá-la), de status jurídicos, de poder de influencia política e de coerção (quem tinha dinheiro tinha esse poder). O que definiu o século XIX basicamente foi à mudança, causada em função dos objetivos das regiões dinâmicas, apesar dessa mudança atingir a todos os países, ela foi diferente em cada um deles.

Entre os progressos culturais da época estão à abolição da servidão, a expansão da alfabetização, e o asseguramento da educação de massa universalizada, as instituições se encaminhavam ao constitucionalismo liberal (a democracia era um sinal de progresso embora não existisse em meio mundo). Entre tantos progressos (na tecnologia, na produção material, na comunicação e na cultura) o espírito era de grande otimismo, como se a historia garantisse o aperfeiçoamento continuo, idéia que inclusive ira ser teorizada por um filósofo chamado Hegel. Apesar de tantas mudanças na produção, a sociedade de consumo só irá mudar depois da 1ª guerra (um exemplo disso é que as primeiras lojas de departamentos criadas na época não visavam à classe trabalhadora), mesmo que as tecnologias já melhorassem vida das pessoas.

Contudo nas regiões atrasadas, a novidade tecnológica ou cultural, que geralmente era trazida por gente de fora era vista como perturbadora de velhos hábitos, só as minorias governantes e não religiosas conseguiam se beneficiar dela, essa impossibilidade ou a recusa da maioria dos habitantes dessas regiões em aceitar a modernidade (que segundo Berman abre um leque de possibilidades, mas destrói valores tradicionais) fez com que os habitantes das regiões desenvolvidas concluíssem que o resto da humanidade era inferior a eles, por não poder atingir o que eles brancos europeus atingiram e a partir dessa premissa dividissem o mundo em raça, e seus próprios países entre a classe média e as massas que sempre seriam inferiores devido a suas deficiências genéticas, assim a biologia foi apropriada para explicar a desigualdade social.

Essa ideologia foi tão forte que muitos países latino-americanos, adotaram medidas de branqueamento racial (pelo casamento inter-racial, ou pelo repovoamento com europeus brancos importados) para tentar atingir o progresso, o despotismo tornou se um modo legítimo de governar os atrasados, sobre a retórica de que a finalidade do avanço seria alcançada, além de acirrar o contraste entre progresso como aspiração universal, e a real diferença entre regiões avanças e atrasadas.

Finalmente, nas regiões desenvolvidas o progresso chegou a um ponto, em que a retórica pessimista começou a ser ouvida, começava a era da crise.

BIBLIOGRAFIA:

BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49)

FALCON, Francisco J. C.; ”O capitalismo unifica o mundo” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.) Século XX Volume I: O Tempo das Certezas.

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