sábado, 7 de junho de 2008

HOBSBAWM, Eric. A era dos Extremos.
São Paulo, Companhia das Letras, 1995. Capítulo 1.


O autor descreve como a guerra era vista e sentida como o fim do mundo e da raça humana, essencial para compreender o século vinte as duas Guerras que abalaram a civilização ocidental e deram origem à crise econômica e à solução para esta (como o planejamento econômico,a ajuda aos trabalhadores da década de ouro )
A mudança foi tão grande que as pessoas separavam o passado como uma era de paz e depois de 1914 a era da guerra, isso por que não havia Guerras Mundiais envolvendo os principais países do mundo incluindo suas colônias ultramarinas embora estas não tivessem escolha quanto à participação na Guerra, e a principal guerra da era anterior, o século XIX foi a Guerra Civil Norte Americana.
Travadas em torno de objetivos ilimitados, resultados da fusão entre política e economia buscando atender aos objetivos das grandes corporações essas guerras buscaram adquirir territórios para recrutar matérias primas e mão de obra baratas e obter apoio político nos seus países ,principalmente das classes altas e médias,inundados por uma onda de nacionalismos que se reforçavam na dominação de outros países.
Além disso, o autor mostra como a Primeira Guerra Mundial acabou com o status quo principalmente na Alemanha após o Tratado de Versalhes que lhe impôs a perca de território, dinheiro e dignidade e deu espaço para que se travasse a Segunda Guerra Mundial, e como essas duas guerras além de muitos mortos produziram um ampla armamento bélico e uma industria especifica para esses armamentos ,industrias essas que passam a ser muitos lucrativas já que repõem rapidamente sua maquinaria e gera cada vez mais produz aperfeiçoados,além de aperfeiçoar as técnicas de administração que unidas causaram a impessoalidade da guerra,ou seja,a capacidade de matar sem ver as vitimas,como a bomba de hidrogênio,os mísseis de longa distancia e etc.Permitindo que as pessoas se concentrassem,se burocratizassem,nas suas tarefas e em cumpri-las da melhor maneira possível sem analisar as conseqüências dos seus atos.







BLIBLIOGRAFIA:

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor. Capítulo 4: a singularidade e normalidade do Holocausto
HOBSBAWM, Eric. A era dos Impérios. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988. Capítulos 4,5 e 6.
PAXTON, Robert. A Anatomia do Fascismo. Capítulo 7.
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos. São Paulo, Companhia das Letras, 1995. Capitulo 5.
BRAZ, Marcelo e NETO, José Paulo. Economia Política uma introdução crítica.

Fichamento: HOBSBAWM, Eric. A era dos Impérios.
Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988. Capítulos 4,5 e 6.

Primeiramente o autor vai buscar caracterizar o processo de democratização da sociedade burguesa que ocorrei no final do século XIX, que começa a ameaçar a ordem social e gerar medo das elites à revolução social como a que ocorreu em 1871, na Comuna de Paris, mas essa democratização após 1870 tornou se inevitável devido inclusive as agitações socialistas de 1890 e a Primeira Revolução Russa, embora os governantes tentassem controlar por não saber suas conseqüências.
Como não podiam mais monopolizar a democracia, as classes dominantes procuram manipulá-la inclusive limitando o papel político das assembléias eleitas pelo sufrágio universal, ou o voto nominal em que senhores poderosos ou patrões pressionam os eleitores, mesmo apesar dessas limitações, o eleitorado estava mesmo ampliando – se, começando a desenvolver uma política de massa com partidos e propaganda de massa geralmente aliados à ideologia. Enquanto os políticos se baseavam cada vez mais na retórica as discussões políticas sérias restringiam se aos intelectuais.
Entre essas massas estavam proletários, pequenos burgueses de caráter conservador, nacionalista e anti-semita, e também pelo campesinato, além de cidadãos unidos por lealdades setoriais embora tivessem um alto potencial político a propria Igreja Católica resistia à formação de partidos políticos. Já os partidos protestantes, que eram mais raros, apoiavam as bandeiras do nacionalismo e do liberalismo.
O autor descreve também o processo pelo qual a identificação emocional com das pessoas com as nações se tornou uma ideologia encapada pela direita política, e depois foi apropriado por povos que não possuíam Estado independentes com os finlandeses, para o campesinato esse nacionalismo foi pouco interessante mais para as classes medias baixas que viam na língua uma forma de ascender socialmente entrando na burocracia do Estado. Os nacionalismo também fizeram com que os soldados fossem para a 1ª Guerra Mundial ,que foi causada por esse mesmo nacionalismo extremado,como cidadãos e civis voluntários a serviço da nação.
Esse nacionalismo deu origem também a xenofobia, ou seja, a era em que os estrangeiros começaram, a ser vistos como ameaças a os costumes tradicionais de uma determinada região.Nessa xenofobia,e na idéia de raça /povo escolhido nasceu a vinculação do nacionalismo com a direita política,e também pelo fato da esquerda pregar o internacionalismo.
Essa era também teve agitações das massas, onde os operários apesar de poucos eram unidos coletivamente, e os partidos socialistas se beneficiavam da oposição clara dos trabalhadores aos ricos, e apesar da idéia de colapso da sociedade capitalista nos anos 1890 parecer impossível o movimento crescia apoiado em sindicatos e em dois outros setores cruciais:o de transportes e o do funcionalismo público.
Assim concluímos que a era de 1875-194 foi a era em que a democracia foi alargada permitindo o fortalecimento de movimentos sociais à esquerda e a direita,este utimo principalmente concatenado ao nacionalismo vingente.
:
SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.)
Século XX Volume II: O Tempo das Crises.

O autor caracteriza o fascismo como um conjunto de movimentos nacionalistas de extrema direita de estrutura hierárquica e autoritária e de ideologia antiliberal, antidemocrática e antisocialista (antiuniversalista e anti - iluminista, antiogmatico, antidemagrafico, inovador.) cuja primeira realização cronológica foi na Itália.
Manifesta a opinião de que não devemos tratar o fascismo como um simples objeto de história, ou fato preso ao passado sem inserção na política contemporânea, pois ele ressurge a partir da década de 80, como movimento de reação das massas apoiado ou não pela direita parlamentar, ligado a publicação de documentos sobre os fascismos anteriores devido à reunificação alemã (e a onda de nacionalismo xenófobo daí advinda), e ao fim da Guerra Fria, isso ocorreu em países como França, Alemanha, Itália e etc.
Uma das causas que o autor cita para este tratamento do fascismo como acidente, foi à ação dos EUA no contexto de Guerra Fria, que para evitar que as elites políticas já fragilizadas pela guerra tivessem seu poder mais abalado pela culpabilização o que possibilitaria a influência soviética. Na Alemanha, por exemplo, em 1946 os Estados Unidos atenuavam a legislação sobre a desnazificação, o que a deixou incompleta (é possível fazer uma ponte entre o fascismo e o neofascismo através dessa desnazificação incompleta.
Também da sua coerência interna dada pala fala e ação voltada para exaltação de características próprias (originais, autônomas), nacionais e históricas de cada movimento, para justificar suas idéias; o que não destrói a universalidade do fenômeno, pois tem características comuns. E externa é dada pela identidade e colaborações praticadas entre o regime, essas coerências são tão fortes que propiciam uma ligação intensa entre a linguagem e a ação,as oscilações do fascismo são produtos portanto de uma procura pela aceitabilidade perante as massas.
Suas soluções anti- modernas eram extremamente atrativa, pois a modernidade é contraditória e sua contradição permeava as pessoas, estas entravam em conflitos, pois tinham suas tradições despedaçadas, mas ao mesmo tempo surgiam muitas possibilidades de experiências. Então o fascismo se propunha o culto à tecnologia criada pela modernidade, mas também aos valores moralistas tradicionais, pela preservação desses na comunidade popular é necessário acabar com aqueles que não se encaixam nesses valores homegeineizantes (os estrangeiros, ou seja, aquilo que não se encaixa no nacional é antinacional), diante dos quais as diferenças têm que desaparecer.
As minorias que impediram a coesão nacional, enfraquecendo o Estado, não há, portanto espaço para esse outro e a violência é a reposta fascista. É importante ressaltar que antes do fascismo, havia sentimento de negação do outro, mas o fascismo exarcebou este.
Assim canaliza-se o ódio em direção a outro que é diferente (esta concepção de mundo é que permite o Holocausto), que não tem cultivam os valores da exaltação da dor, do autoritarismo, do sadomasoquismo, da virilidade, do companheirismo, da beleza masculina se erotismo e da vida comum distante das mulheres (aqueles que não estão no seu circulo de “arianos”, os grupos minoritários) como fazem os fascistas, através de rituais cívicos os fascistas constroem sua identidade (perdida em meio às contradições da modernidade, por meio do restabelecimento de corpos sociais pela corporação fascista). Logo o fascismo uniu a estranheza psicológica em relação ao outro e as condições sociais de insatisfação de sua época (o que acontece novamente hoje em dia) oferecendo conforto e segurança ante as contradições modernas.
O fascismo sofreu influencia da experiência das trincheiras, causada pela 1ª Guerra, que gerou o sentimento de pertencer ao corpo com fins maiores, daí surgem além das personalidades autoritárias, idéias positivas de força, lealdade, honra, temperança, autocontrole e desprendimento da vida, hierarquia (que garantiria a unidade entre Estado e povo), estas permitem “absorção” (como valor a ser alcançado) do individuo pela coletividade.
É atraente também pela sua visão de mundo coerente, onde o líder propunha se a interpretar os anseios das massas, darem sentido e unidade a federação frouxa que era o Estado fascista (este líder ao carregar toda estas responsabilidades se via fraco perante pressões de diversos grupos e ofuscado pelo seu pessoal político que tinha poder pelo fato das diretrizes serem dadas sempre oralmente, recomendação do próprio líder), este era visto como imune as contradições o que garantia segurança das pessoas e a coesão nacional, por isso as pessoas transferiam sua identidade e liberdade pessoal para o coletivo ou para o líder.
Esta transferência era favorecida pela proposta de Estado corporativista, resgatando a descrição de corporação dos autores românticos do século XIX, cuja participação era restrita aos arianos, e aonde reinava a harmonia. Na corporação reuniam-se os dois pólos da produção, mas ao contrario do que pregava não punha em relação direta o trabalhador e o patrão, mas sim patrão e partido, pois controlava os salários e as condições de trabalho.
Esta proposta de estado corporativista tomou formas diferentes no diversos regimes fascistas na Noruega, por exemplo, a hegemonia da burguesia sobre a corporação é clara, mas no caso alemão e italiano há uma tentativa de se apoderar um pouco da tradição marxista, na propaganda, na retórica e na criação de formas alternativas de organizações moralizadoras dos operários, isto para conter a ação dos partidos de esquerda.
A corporação havia sido destruída pelo liberalismo, um sistema falido, desagregador (das tradições, por tanto a esperança era acabar com o liberalismo) e com o conteúdo ideológico esvaziado segundo eles, por isso o fascismo é uma resposta também a crise liberal, o que o marxismo também era, mas só que este era criticado pelos fascistas pelo seu caráter antinacional. Além disso, os fascistas negam a herança da Revolução Francesa, porque esta r transforma judeus em cidadãos, e põem em pratica o principio da representação e o partidarismo que dividia o povo em defesa de interesses individuais (por isso pregavam o partido único e a unidade entre partido e Estado).
Criticam também a limitação do poder pelo liberalismo, por isso absorvem o judiciário pelo complexo movimento/partido, maximizaram o executivo na figura do líder, que serviria aos interesses da comunidade, esta parte da doutrina fascista era um grande passo para a construção da comunidade popular.
O Estado fascista concede certa autonomia a sua burocracia, o que gera a junção de objetivos dispares em torno da mesma doutrina e do mesmo líder. Além disso, o estado fascista desconhece limitações na busca incessante da sua superação como potencia, para garantir a existência da comunidade, portanto não distingue o público do privado, nem se retém em administrar a economia que se juntando ao fordismo garantiria o abastecimento do mercado interno e serviria ao povo. Os próprios fascistas a partir daí se caracterizavam como regimes de produtores. O homem fascista, representante da raça, seria o vinculo dessa potencia.
Enfim o fascismo ao incorporar o homem ao Estado corporativo resolve o problema da estranheza e distancia entre os dois, que gerava sentimentos de revolta, inutilidade etc. Ao pregar um novo tipo de sociedade, atraía os decepcionados com o liberalismo (que sofria desgaste político e econômico), ao buscar na raça a cola para unir a comunidade popular, exarcebou a identificação dos arianos em oposição ao outro minoritário.
Bibliografia:
BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”.(páginas: 24 a 49)

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