quinta-feira, 22 de maio de 2008

Resenha do Filme 1900 HOMO SAPIENS.
O filme é basicamente sobre a idéia de eugenia, e como essa idéia (junto à idéia de hereditariedade, evolução e outras idéias biológicas que começavam a serem descobertas) influenciou a política em vários países do mundo, principalmente os europeus durante todo o século XX, esta idéia já existia desde século XIX, mas durante os anos de 1900 até 1945 ela ganha conteúdo pratico principalmente na União Soviética, Alemanha, Estados Unidos e Suécia.
O autor do filme procura mostrar como essa idéia de eugenia estava vinculado à contradição da modernidade, que segundo Berman, expande as possibilidades de experiência, mas corrompe valores tradicionais fazendo surgir pensamentos nostálgicos em relação ao mundo pré- moderno. Assim surge ao mesmo tempo um desejo de progresso e uma saudade do passado idealizado, um sentimento de oposição entre a condição biológica e natural do homem e a sociedade oposição esta que leva a degeneração e destruição racial e cultural.
Nessa época a biologia, e suas descobertas surgem como redenção da humanidade através da eugenia, que pode ser positiva a partir da reprodução somente dos mais aptos (implica em submeter à sexualidade as qualidades genéticas gerando conflito) ou negativos pela esterilização, morte e redução da condição social dos defeituosos, as duas tem em comum a pregação do bem estar da coletividade acima dos direitos do individuo, e de um paraíso terrestre composto somente por pessoas de “sangue” ou “raça” pura.
Cabe agora salientar alguns movimentos eugênicos importantes amostrados no filme: Na Alemanha, a idéia de eugenia se tornou rapidamente popular, os estudos biológicos e antropológicos ficavam a cargo do Instituto de Biologia; responsável por encontrar a conexão entre a hereditariedade, meio ambiente e cruzamento; e a estabelecer medidas sociais para os racialmente saudáveis. Focado no corpo e na estética, o movimento eugenistas alemão chamava atenção para a degeneração e a feiúra do corpo imperfeito causada pela miscigenação e para o padrão de beleza clássica a ser alcançado.
O partido Nacional Socialista Alemão foi o primeiro a usar a eugenia, e a higiene racial como bandeiras, e Hitler foi o primeiro político influente que percebeu a importância dessas bandeiras e lutou por elas, chegando ao extremo do extermínio em massa, com sua ascensão ao poder o Instituo de Biologia de Berlim vira um lugar de propagação de política racial e de idéias,
Nos Estados Unidos a eugenia teve inicialmente sucesso imediato, o que gerou a implantação das políticas de esterilização dos racialmente desprezíveis e as competições eugênicas, onde varias famílias eram avaliadas segundo as medidas físicas e de inteligência. Durante essa época, por volta de 1910 até 1940, a pesquisa genética estadunidense guiou o mundo.
Entretanto durante a década de 40, o movimento eugenistas nos EUA se retrai, principalmente por causa da guerra contra a Alemanha (que era vista como expoente da eugenia, porem na verdade os primeiros países a adotar a eugenia prática foram a Suécia e os EUA), e da “descoberta” (quando a população fica sabendo, pois as autoridades já sabiam há muito tempo) das atrocidades alemães, a partir de então a eugenia é vista pelos estadunidenses como não cientifica.
Atualmente a idéia de montar uma sociedade baseada numa raça superior continua sendo um sonho, revitalizado depois da queda das utopias (“fim do socialismo” com a queda da URSS, e fim do “bom” capitalismo com a crise dos anos 70 e a readaptação do liberalismo).
BIBLIOGRAFIA:
SILVA, Francisco C. T. da, ”Os Fascismos” In ___ FILHO, Daniel Aarão Reis (org.).
BERMAN, Marshall “Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade”. (páginas: 24 a 49).

Nenhum comentário: