sábado, 3 de maio de 2008

Fichamento número 5: HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos.

São Paulo, Companhia das Letras, 1995. Capitulo 5.

A situação de aliança entre o mundo capitalista e o socialista contra um inimigo comum, a Alemanha de Hitler na qual viam um perigo maior; durou de 1939 ,quando os EUA reconhecem oficialmente a URSS,até 1947 quando começa a Guerra entre os dois.

A Alemanha era diferente, pois se tratava de um Estado cuja política era determinada ideologicamente, mesmo assim entre 1933 e 1941 cada país tratou a Alemanha de acordo com seus interesses, só que a lógica de guerra de Hitler acabou tornando-a global, ao levantar as mesmas questões nos países ocidentais e separar as sociedades em pró e antifascistas. Além do balanço do equilíbrio de poder entre os Estados - nação, estava em curso uma guerra ideológica entre os herdeiros dos iluministas e seus adversários.

Foi uma época em que foi importante o patriotismo, a lealdade de um cidadão ao seu governo, e por essa idéia de patriotismo que foi combatido o nazismo em alguns países. A Alemanha se tornou a mais implacável e comprometida com a destruição dos valores da civilização, entre os países do Eixo, e a mais capaz de levar em diante o seu projeto.

A crise do liberalismo e a debilidade dos Estados democráticos liberais (incapazes de adotar políticas antipopulares, como o antifascismo) fortaleceu o fascismo, que estavam com a 1ª Guerra na memória (que os enfraqueceu economicamente, o que também dificultou reação) e por isso tentaram evitar a todo custo uma nova guerra, apesar de muito popular o pacifismo desapareceu na década de 40. O único país importante que inicialmente teve coragem de se opor ao nazismo foi a URSS, o primeiro a apresentar a idéia de aliança independente da ideologia; contra o fascismo. O nazismo tratava os dois lados como inimigos.

A formação de Frentes Populares antifascistas, e suas vitorias eleitorais mostrou os custos da desunião e geraram esperanças nos movimentos trabalhistas e socialistas, entretanto não indicaram muita ampliação do antifascismo, pois não houve mudanças eleitorais para a esquerda na Europa Ocidental.

O antifascismo organizou os adversários tradicionais da direita, mobilizou minorias devido ao seu racismo e hostilidade à liberdade intelectual. Os conservadores simpatizavam com o nazismo devido ao extermínio da esquerda que praticava, só depois da guerra e que o anti-semitismo tornou - se questão de morte.

Os governos ocidentais não quiseram entrara em alianças com a URSS contra Hitler mesmo em 1938-1939, quando essa aliança era vista como urgente por todos,e o temor de enfrentar Hitler sozinho levou Stalin a fazer um pacto com o mesmo em 1939. Essa fracassada tentativa de resistência a Hitler possibilitou também, a ascensão sem resistência da Alemanha Nazista entre 1933-1939, inclusive com medo de que as forças russas invadirem seus territórios, ou com medo de que uma 2ª Guerra desmembrasse os seus impérios, preço que os imperialistas britânicos não estavam dispostos a pagar.

Assim, os governos ocidentais tentaram negociações com a Alemanha, mas esses acordos se mostraram impossíveis na medida em que Hitler se mostrou totalmente não pragmático, deixando duas opções:a guerra ou a aceitação da dominação nazista.

Só depois que a política expansionista de Hitler mobilizou as massas, com a ocupação da Tchecoslováquia,e que os governos também se mobilizaram para combater o nazismo;já em 1939 a guerra parecia provável demais,mesmo assim a Europa não se preparou para ela,muitos das suas autoridades chegaram até cogitar em se aliar ao fascismo,mas o que dificultava era o Hitler.

Apenas durante a Guerra Civil Espanhola as forças antifascistas conseguiram ser moldadas, pois permitiu um afrouxamento das hostilidades entre capitalistas e socialistas, o que permitiu a posterior aliança antifascista entre eles, até 1941 quando a Alemanha invadiu a URSS e declarou guerra aos EUA, a guerra se tornou global, e política consolidando de vez a aliança antifascista.

A Resistência foi organizada basicamente por civis, sua importância militar foi pequena até a Italia se retirar da Guerra em 1943, maior mesmo foi à importância político e moral dela, na Alemanha essa resistência foi impossível devido à morte da maioria dos opositores do regime, e a tendência da Resistência era de esquerda, principalmente com influencia dos comunistas entre 1945-1947; acostumados a viver na ilegalidade ao contrario dos adeptos de outras ideologias, seu internacionalismo, e a convicção com que dedicavam suas vidas a causa. Apesar dessa influencia, os comunistas não tentaram estabelecer regimes revolucionários, pois a propria URSS aconselhou os partidos a isso.

Na maioria dos países europeus depois da Guerra houve mudanças sociais que procuravam aprender lições da Crise de 1929 e da 1ª Guerra, para evitar o surgimento de outro Hitler. Exceto na URSS (mas a Guerra impôs tensões a estabilidade do sistema, a vitoria na Guerra foi baseada no patriotismo) e nos EUA (envolvido com problemas internos e distantes da Guerra).

Outra conseqüência da Guerra foi o surgimento de movimentos de libertação colonial que se inclinaram em sua maioria para esquerda, pois esta tinha primazia em teorias e políticas antiimperilalistas, também porque as políticas racistas e nostálgicas dos nazistas não eram bem aceitas pelos modernizadores lideres de movimentos antiimperialistas, apesar das massas desses países se mobilizarem por sentimentos como tradicionalismo, exclusivismo religioso e étnico, desconfiança em relação ao moderno, e podiam ter recebido influencia nazista, mas no poder estavam pessoas seculares e modernizantes. Ao contrario da Europa, nesses países os comunistas não tiveram muitos triunfos políticos.

O fascismo logo após a Guerra desapareceu da vida política, pois só trazia lembranças amargas, e as alianças entre forças ideológicas diversas que se basearam em um inimigo comum, e aspirações de igualdade de direitos entrou em colapso.


BIBLIOGRAFIA:

BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade.Introdução.

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